terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Sabe menina, outra noite eu sonhei com você. Com todas aquelas doces palavras que você me dizia antes de dormir. Só não sonhei com o seu mau humor matinal e o seu desprezo pelos meus presentes de todo fim de semana. É, era assim, você sempre foi assim. Eu procurava sempre ter dar os melhores presentes; aqueles com significados especiais, aqueles que você dizia ter sonhado possuir, até aqueles que te lembravam antigos amores. Mas, quando eu os entregava, você sempre parecia insatisfeita. Nunca disse nenhum "muito obrigada, amor". Pois é, eu também fui me dar conta disso só agora. Acho que essa minha obsessão por você (porque isso não é amor, eu sei), fez com que eu te idealizasse perfeita. Logo você, que é um poço de imperfeição. Era sempre em mim que você descontava o estresse do trabalho. Era olhando nos meus olhos, depois de ter assistido um filme lindo, que você dizia "você me enxe o saco!". Era eu, que você nunca apresentava aos seus amigos como namorado, apenas como um 'conhecido'. Eu encarava tudo isso como brincadeira, mesmo sabendo que não era. Achava que por eu te amar demais, você também me amaria. Era por você que eu vivia. Era por você que eu trabalha 12 horas por dia, de segunda à sábado; era pelo nosso futuro juntos!E um dia eu chego em casa. Você bêbada, deitada com um cara (que tinha quase metade da sua idade, aliás) na nossa cama! Aquela cama que nós nos amamos intensamente. Sua reação?! Olhou nos meus olhos, sorriu e disse "vai embora!".Eu fui. E nunca mais voltei! Nem ao menos pra buscar minhas coisas. Achava bem melhor trabalhar mais 8 horas por dia e conquistar tudo novamente, do que ter que ir lá, olhar-te nos olhos de novo e entrar naquela casa que um dia foi só nossa e, de mais ninguém!Desde então, nunca mais te vi. Nem sei se os seus olhos ainda continuam tão azuis e brilhantes como antes. Se você ainda tem aquela mania de dormir mexendo na fronha do travesseiro, ou se ainda arrota depois de beber refrigerante de cola. Mas menina, obrigada por ter me mandado embora. Se você não tivesse mandado, não iria. Ainda estaria ouvindo todos os teus desaforos e te amando loucamente (melhor, sustentando essa minha obsessão loucamente). Eu achava normal conviver com críticas. Mas, depois que te deixei, percebi que o normal é conviver com elogios. Porque hoje, hoje eu sei,menina...que eu sou bem melhor do que aquilo que você dizia. Só não pense que eu te esqueci. Ainda lembro bem de quando você chegava só de calcinha, andando pela ponta dos pés, colocava suas mãos macias em meus olhos e dizia baixinho no meu ouvido "vamos fazer amor!". Lembro quando você passava batom vermelho e me enchia de beijos só pra depois tirar uma fotografia e rir da minha cara. Lembro do capuccino que me fazia toda noite. Eu lembro, menina. Lembro como se fosse hoje! E, se algum dia eu te amei, foi por isso. Os teus defeitos eram (e ainda devem ser) inúmeros. Mas você me fazia um bem! Um bem que nem a perfeição poderia um dia fazer à alguém.

P.S.: baseado naqueles amores que ninguém entende, que são contraditórios assim como esta 'carta'. aqueles que são um bem que faz mal, ou um mal que faz bem, vai saber...

2 comentários:

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

gostaria de ter uma noite boa como essa

Nay disse...

"Eu me apaixonei pelos seus erros"
Todos já devem ter tido um amor assim!