quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Coração armado

"Amar em paz exige um coração desarmado." Essa frase do atual escritor Antônio me fez de certa forma compreender porque manter um relacionamento amoroso nos últimos tempos tem sido tão difícil pra mim. Não coloco o difícil nesse contexto como penoso, mas como estranho, desconhecido.

Amar é uma coisa natural - a gente não escolhe quem amar, mas com quem se relacionar. Eu já tentei me relacionar com quem gostaria de amar. Depois de um ano de tentativa, ficou evidente pra mim que ficar com alguém porque aquela talvez seria a pessoa certa pra você ou porque estar sozinha nem sempre é tão legal, é uma péssima ideia.

Mas, muitas vezes, se relacionar com quem a gente ama é penoso, complicado. Principalmente se quem a gente ama não possui os mesmos valores que os seus, não possui a mesma grandeza de sentimento. É aí então que o amor-próprio fala mais alto.

A gente se entrega quando ama. Na grande maioria das vezes não se mede esforços, não se mede palavras, não se mede ciúmes - e isso não é nada bom. Poucos são os que desde sempre tiveram a sorte de um amor sensato, ou aqueles que tiveram dentro de si e do (a) companheiro(a) o mesmo ânimo em tentar, em crescer, em evoluir. Normalmente, um dos integrantes do relacionamento amoroso avança mais que o outro, ou vice-versa.

Saber identificar que a sanidade, o respeito consigo mesmo e o próprio bem-estar está acima de qualquer sentimento que tratávamos como grandioso, requer coragem, requer amadurecimento. Coragem pra se desprender do que era cômodo, habitual, amadurecimento pra encarar os fatos como eles realmente são - nem sempre doces.

Com tudo isso se adquire experiência. E a experiência nos faz ser mais seletivos. Até com as pessoas. O coração se arma - procura alguém que não desestabilize tanto nossa vida, nosso emocional. Mas, o problema é que para o coração é difícil encontrar um equilíbrio. Talvez ele também se arme pra emoções boas, muitas vezes.

Desarmá-lo é tarefa desconhecida pra mim. Ter novamente a sensação de encontro, de encantamento é coisa que não sei como se faz - mas espero que eu não perca a esperança de tê-la novamente.

Carina Gabriele Buss